O antigo centro ferroviário de Ponta Grossa: topofilia, memória social e significado relacionados ao conceito de lugar

Nisiane Madalozzo

Resumo


Ponta Grossa é um município paranaense que, historicamente, teve seu desenvolvimento relacionado à localização geográfica privilegiada. A ferrovia foi um dos acontecimentos históricos que contribuiu significativamente para sua urbanização. O pátio ferroviário inaugurado na transição do século XIX para o século XIX definiu as formas de ocupação da cidade e influenciou consideravelmente na mudança da percepção da comunidade local, no que toca à cosmopolitização pontagrossense, e na ideia de progresso a que esse centro urbano estava agora vinculado. Contudo, com o passar dos anos e a criação de um desvio ferroviário, com consequente retirada dos trilhos da área central da cidade, o antigo centro ferroviário tem se descaracterizado, ganhando novos elementos construídos e, consequente, mais significações. Para tratar desse estudo de caso, propõe-se uma aplicação do conceito de lugar, partindo da ideia de topofilia de Yi-Fu Tuan e a relacionando à leitura de lugar de memóriade Pierre Nora. Se, para Tuan, o lugar pode despertar no ser humano sensação de topofilia, através dos laços afetivos e perceptivos com o ser humano que o percebe, e que, no caso dos edifícios históricos, a carga simbólica é especialmente significativa, Nora defende que existe uma tendência à curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia: é necessário ao homem ter lugares de memória como refúgios de um tempo que se perdeu. Essa ideia, no presente trabalho, é debatida tendo como estudo de caso o velho centro ferroviário pontagrossense em suas significações variadas para membros da sociedade local, que relembra, vive e percebe a realidade com base no discurso dos edifícios do centro e a relação com seus diversos repertórios individuais.

Ponta Grossa é um município paranaense que, historicamente, teve seu desenvolvimento relacionado à localização geográfica privilegiada. A ferrovia foi um dos acontecimentos históricos que contribuiu significativamente para sua urbanização. O pátio ferroviário inaugurado na transição do século XIX para o século XIX definiu as formas de ocupação da cidade e influenciou consideravelmente na mudança da percepção da comunidade local, no que toca à cosmopolitização pontagrossense, e na ideia de progresso a que esse centro urbano estava agora vinculado. Contudo, com o passar dos anos e a criação de um desvio ferroviário, com consequente retirada dos trilhos da área central da cidade, o antigo centro ferroviário tem se descaracterizado, ganhando novos elementos construídos e, consequente, mais significações. Para tratar desse estudo de caso, propõe-se uma aplicação do conceito de lugar, partindo da ideia de topofilia de Yi-Fu Tuan e a relacionando à leitura de lugar de memória de Pierre Nora. Se, para Tuan, o lugar pode despertar no ser humano sensação de topofilia, através dos laços afetivos e perceptivos com o ser humano que o percebe, e que, no caso dos edifícios históricos, a carga simbólica é especialmente significativa, Nora defende que existe uma tendência à curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia: é necessário ao homem ter lugares de memória como refúgios de um tempo que se perdeu. Essa ideia, no presente trabalho, é debatida tendo como estudo de caso o velho centro ferroviário pontagrossense em suas significações variadas para membros da sociedade local, que relembra, vive e percebe a realidade com base no discurso dos edifícios do centro e a relação com seus diversos repertórios individuais.


Palavras-chave


Patrimônio ferroviário; Lugar; Topofilia; Memória Social; Semiologia urbana

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Referências


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