Acervo museológico: Locomotiva Baldwin e seu tender de abastecimento em exposição desde 2014 na plataforma do Museu Histórico de Londrina

Aryane Kovacs Fernandes

Resumo


abastecimento, ambos localizados na plataforma do Museu Histórico de Londrina (MHL). Ainda, próximos aos carros ferroviários de passageiros, à bilheteria, à fotografias representativas do aspecto ferroviário da região e ao sino que anunciava chegadas e partidas dos trens na antiga estação.

O município de Londrina está situado no norte do Paraná e completou, em dezembro de 2014, 80 anos. E o MHL, desde 1986, encontra-se no antigo prédio da segunda Estação Ferroviária em pleno centro da cidade. Porém, a instituição foi fundada em 1970 no porão de um colégio e em 1974 se tornou órgão suplementar da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Assim, teve a frente professores do departamento de História. Além disso, seu acervo constitui um dos maiores núcleos de preservação da história local.

O intuito principal deste trabalho consiste em analisar a passagem destes objetos ferroviários do cotidiano ao museu como acervo museológico. Neste sentido, necessita-se: abordar brevemente a história da ferrovia no espaço em questão; contextualizar o processo de restauro das peças (2013-2014); e também problematizá-las, devido ao local em que foram utilizadas, para fins de transporte, e ao local em que se encontram expostas desde abril de 2014.

A locomotiva a vapor foi construída pela The Baldwin Locomotive Works, na Filadélfia (EUA) em 1910. Seu número de fabricação é 34.883, pesa 32 toneladas e o tender 10 toneladas. Percorreram por aproximadamente sessenta anos em trilhos paulistas, a princípio na Estrada de Ferro do Dourado, conhecida como Companhia Douradense, e depois na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Ainda, ficou em exposição no Parque da Uva, em Jundiaí, por aproximadamente vinte e cinco anos, e três anos estacionada nas oficinas da antiga Ferrovia Paulista Sociedade Anônima (FEPASA). Em 1999 foi cedida pela Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) à UEL. Embora não tenha andado em trilhos paranaenses, pode remeter à memória ferroviária e suscitar outras memórias sobre a região, pois foram locomotivas como esta que transportaram muitos migrantes e também produtos da região, como o café, para os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR).

Esta pesquisa parte do pressuposto de que quando um objeto é inserido no acervo de um museu perde suas características anteriores. Portanto, não mais possui a utilidade prática desempenhada no cotidiano, adquire valores de acordo com a exposição em que estará inserido e estabelece diálogos com seu entorno. No museu, o visitante observa a cultura material e produz, cada um à sua maneira, um significado. Por meio do olhar sobre o objeto se estabelece relação do passado com o presente, implicando em sua importância para a sociedade e seus diferentes significados.

Estes estudos pretendem ser ampliados na escrita da monografia da especialização em Patrimônio e História, da UEL. Esta monografia terá como fontes questionários, com perguntas abertas, direcionados ao público visitante do Museu com o intuito de investigar as diferentes maneiras de identificação com o acervo ferroviário, principalmente a Locomotiva Baldwin e seu tender de abastecimento.


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