As fronteiras da diferença em Amélia, de Ana Carolina

Gabriela Laurito Boer

Resumo


Este trabalho visa discutir o conceito de fronteira a partir do filme Amélia (2000), de Ana Carolina. Seu objetivo é entender os diferentes sentidos e significados que esse conceito assume na obra cinematográfica e como podem contribuir para a linguagem geográfica. Para tal, ultrapassamos o entendimento inicial do termo, como usualmente é abordado na ciência geográfica, enquanto limite político e administrativo entre dois ou mais lugares, e empregamos os referenciais de textos oriundos de outras áreas das ciências humanas e dos parâmetros teóricos apontados por Doreen Massey. Como resultado de nossa análise esperamos desvendar as diferentes dimensões que a fronteira assume em algumas cenas do filme, principalmente mediante a trama que apresenta as diferenças entre as personagens Sarah Bernhardt e as irmãs de sua auxiliar Amélia, complexificando as cisões dualistas entre o civilizado (europeu) e o selvagem (brasileiro); entre a naturalização de uma identidade do “nós” em anteposição a dos “outros”.


Palavras-chave


Amélia, fronteira, linguagem geográfica, linguagem cinematográfica

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