Contribuições geográficas para a compreensão dos lugares de densidade política: o exemplo dos monumentos, toponímia e identidade

Filipe Gomes Paulo

Resumo


Este texto dá continuidade aos estudos sobre formas simbólicas espaciais, procurando trazer à tona outras formas simbólicas e outros contextos, incorporando a dimensão política ao estudo das relações entre cultura e espaço e procurando compreender a natureza rizomática da ciência, na qual todos seus subcampos se interpenetram, sendo cada um enriquecido pelos demais, ao mesmo tempo em que os enriquece. Isto consolida a temática, denotando ao mesmo tempo sua importância na análise geográfica. As formas simbólicas espaciais são representações criadas e recriadas, objetos de celebração e contestação, inseridas efetivamente na organização espacial. Desempenham um ativo papel na sociedade, podendo ser consideradas como reflexos, meios e condições sociais. Neste trabalho discutem-se inicialmente e muito brevemente as relações entre geografia cultural, política e significados, seguindo-se três partes, nas quais são abordadas as relações toponímia e política, monumentos, política e identidade e, finalmente, os lugares de densidade política. Reflete-se sobre a política e a cultura como elementos geográficos e da vida cotidiana que se apresentam em toda parte. Entre estas manifestações estão as formas simbólicas espaciais fixas, nosso maior interesse neste artigo.


Palavras-chave


cultura; densidade; formas simbólicas

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DOI: http://dx.doi.org/10.22491/1806-8553.v12n2a294

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